segunda-feira, 8 de outubro de 2012

Os Persas, de Ésquilo

Ésquilo
        Oito anos após a batalha de Salamina, o dramaturgo Ésquilo escreveu a tragédia que conta este episódio glorioso da história da Grécia Antiga (encomendada por Péricles ). Trata-se da mais antiga tragédia grega e foi estreada em 472 a. C., descrevendo a batalha de Salamina sob o ponto de vista dos vencidos, os persas.

“Os Persas” é a mais antiga tragédia que conhecemos na íntegra.
          De todas as tragédias gregas sobreviventes, esta é a única cujo enredo se baseia inteiramente em factos históricos e é, também, a única sem personagens gregos.
        Nesta tragédia, mostra-se compaixão pelos vencidos e valoriza-se a vitória dos Gregos; também se ensina a moderação, a ética, o humanismo e o pacifismo, não só aos Gregos do seu tempo mas à Humanidade.
       Cumprindo o princípio da tragédia grega, não se faz um relato factual do acontecimento, mas leva-se as personagens e o público a interrogarem-se sobre o sentido da existência e do destino do Homem, o poder dos deuses, sobre a vontade e a liberdade humanas e a atitude de vingança dos deuses sobre quem tenta fugir ao seu destino.
          Ésquilo valorizou o coro, realçou a cenografia, a música e a dança, que acentuam a dor dos persas. A linguagem é simples e a ação decorre sem grandes surpresas, numa atmosfera fatal e moralizante, cumprindo o caráter religioso e cívico do teatro. O tema é o castigo dos deuses pela soberba e arrogância humanas - personificadas por Xerxes, rei dos Persas;
 
A batalha de Salamina simboliza :
*a vitória da cultura humanista desenvolvida pelos gregos e que esteve na origem da cultura ocidental, sobre o absolutismo e o centralismo imperialista que caracterizou os impérios orientais.
*a afirmação e consolidação da identidade cultural dos gregos, que passaram a considerar-se como um povo com uma cultura superior.

A batalha de Salamina permitiu que:
*Péricles reconstruísse a cidade de Atenas, destruída por Xerxes, realizando um programa urbanístico que perdurou até aos nossos dias;
*Atenas liderasse uma poderosa frota naval, tornando-se na principal potência marítima da Grécia;
*Ésquilo escrevesse a tragédia Os Persas em que se desenvolve a versão dos gregos sobre a sua vitória em Salamina.
 
          Assim durante o governo de Péricles, muitos artistas, intelectuais e filósofos da Magna Grécia e de outras cidades-estado gregas vieram viver e trabalhar para Atenas, tendo esta cidade recebido também influências culturais e artísticas do Egipto, da Mesopotâmia, de Creta e de Micenas.
          Atenas afirmou-se pela capacidade de recuperação e pela soberania sobre os restantes cidades gregas, fazendo dela a Escola da Grécia: centro da cultura helénica e da democracia, futura capital da Hélade Unificada pela política de Péricles.


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