domingo, 21 de outubro de 2012

ARTE - A arquitetura



 
A arquitetura

          O período considerado mais importante da cultura e da arte gregas ter-se-á desenvolvido entre os séculos VII a.C. e IV a.C.
          A arquitetura era fundamentalmente religiosa, com templos construidos com grande rigor no que se refere às dimensões, estabelecendo proporções matematicamente precisas. Os templos são construídos de pedra (mármore).
          O Pártenon — templo dedicado à deusa Atena , na acrópole de Atenas — erguido entre 447 a.C. e 438 a.C., durante o governo de Péricles, é uma das mais conhecidas e admiradas construções do período. Um traço marcante da arquitetura grega é o uso de colunas estabelecendo “ordens” características: a dórica, a jónica e a coríntia . A arquitetura clássica tem como princípios a racionalidade, a ordem, a beleza e o equilibrio.
 
 




Cálculos matemáticos e correções áticas aplicados aos templos gregos:

        O templo grego foi matemática e geometricamente calculado, de modo que cada elemento estivesse em perfeita harmonia com os outros e estes com o todo que era a obra.
        Estas proporções definiam-se a partir de uma unidade-base de medida — o módulo —, determinada, geralmente, a partir do raio médio da coluna.
        O rigor dos arquitetos chegou ao extremo de prever os desvios óticos que estas formas poderiam causar quando observadas a olho desarmado e a curta distância. Assim, nas indicações que davam aos construtores incluíam correções a essas deformações, conforme se pode perceber no desenho.
        A estas correções dá-se o nome de Entasis.








                 As três ordens arquitectónicas
 
        Ordem dórica - Nasceu na Grécia Continental por volta de em 600 a.C.; possui formas geométricas e a sua decoração é quase inexistente; não tem qualquer tipo de base, assenta diretamente no estilóbato (último degrau, superior, onde assenta o edifício); apresenta um aspeto sóbrio, pesado e maciço, traduzindo assim a forma do homem; o fuste é robusto e com caneluras em aresta viva e capitel formado pelo ábaco e equino ou coxim, extremamente simples e geométrico, com forma de almofada. Simboliza a imponência e a solidez.

        Ordem jónica - Nasceu na Jónia no séc. VI a.C.; difere da ordem anterior nas proporções de todos os elementos e na decoração mais abundante da coluna e do entablamento e pela coluna assentar numa base; pelas suas dimensões e formas mais esbeltas, traduz a forma da mulher; possui um fuste mais longo e delgado, com caneluras semicilíndricas, sem arestas vivas, e em maior número que na ordem dórica; o capitel possuía um ábaco simples e o equino em forma de volutas enroladas em espiral;
 
 
 
 
        Ordem coríntia - Apenas apareceu no final do séc. V a.C. e é uma derivação da ordem jónica, resultado do seu enriquecimento decorativo; possuía um capitel com forma de sino invertido, decorado com folhas de acanto, coroadas por volutas jónicas; a sua base era mais trabalhada e o fuste mais delgado; simboliza a ambição, a riqueza, o poder, o luxo e a ostentação;
 
 
O Pártenon
 
          Na conceção do Pártenon projeta-se o ideal grego de beleza e perfeição, numa composição arquitetónica que combina a “ordem formal tripartida” (envasamento, coluna e entablamento; estilóbato, fuste e capitel; arquitrave, friso e cornija) com um sistema de proporção racional (4:9).
          O Pártenon é um templo períptero, isto é, de planta retangular e com colunas a toda a volta (peristilo), composto por uma nave central que inclui o pronaos, a cella ou o naos e o opisthodomos. O peristilo tem proporção clássica de 8 x 17 colunas dóricas, sustentando um entablamento sobre o qual assenta um telhado de duas águas.
          As fachadas são rematadas com frontões decorados com motivos escultóricos e as 92 métopas do friso dórico apresentam cenas de gigantomaquia (combate mitológico dos deuses contra os gigantes), centauromaquia (combate mitológico contra os Centauros), amazonomaquia (combate mitológico contra as Amazonas) e da Guerra de Tróia.
          Toda a decoração escultórica esteve a cargo de Fídias e da sua escola.
        O Pártenon é uma obra invulgar pois, tratando-se de um templo dórico, apresenta um conjunto de aspetos estruturais e decorativos que o distinguem de qualquer outro templo conhecido:
  •         a ordem das colunas é dórica (como se comprova pelo capitel formado por ábaco e coxim e pela ausência de base e plinto), mas é um templo octástilo (tem oito colunas na fachada) como os templos jónicos, em vez das habituais seis colunas dos templos dóricos;
  • os tríglifos não coincidem com o eixo das colunas, como é normal na ordem dórica;
  • a planta integra uma cella dividida por uma colunata em forma de U, onde se abrigava a estátua da deusa Atena, atrás da qual há um recinto maior do que o habitual para um opisthodomos (sala de oferendas);
  • a decoração apresenta relevos nos frontões triangulares e nas métopas, e as paredes exteriores da cella estão revestidas por um grande friso jónico, representando a Procissão das Panateneias.
          Os gregos não aplicavam argamassa – a técnica mural baseava-se na justaposição dos blocos de pedra, perfeitamente proporcionados e colados por “gatos” de metal.
          Para a sua construção foram utilizadas 22 mil toneladas de mármore pentélico 
 



 
 Templo de Atena Niké
        O templo de Atena Niké ou Niké Áptera (que significa vitória sem asas) é um hino à deusa Niké e à feminilidade que a ordem jónica representa. Construído em mármore pantélico.É um templo jónico anfipróstilo, pois possui quatro colunas nas fachadas principal e posterior, que se destaca pela extrema simplicidade.
 A decoração, de autoria de Agorácrito, concentra-se nos elegantes capitéis de volutas enroladas, no friso contínuo (com cerca de 30 metros de perimetro) e nos tímpanos dos frontões.
       

        O friso contém, a leste, os deuses do Olimpo que seguem as batalhas dos cavaleiros Gregos e Persas; nos outros lados, estão representadas lutas entre hoplitas (soldados) gregos e persas.
        Nos tímpanos dos frontões, a decoração apresenta uma temática diferente: a dos gigantes, a este, e a das amazonas, a oeste.
        Por se encontrar junto a um precipício, este templo estava rodeado por uma balaustrada de 1,05m de altura, decorada por uma série de vitórias aladas (nikái), em atitudes graciosas e de grande finura de proporções, erguendo troféus e celebrando sacrifícios.

        Devido ao reduzido espaço para a sua construção, o templo continha apenas uma pequena cella, sem opistódomos.

 

O Erectéion
 
        Templo jónico, erigido na zona setentrional do Pártenon, construído no século V a. C., cuja autoria é atribuída a Mnésicles. À semelhança dos Propileus, do mesmo arquiteto, está perfeitamente implantado sobre um terreno bastante irregular.
        O seu nome vem da palavra Erecteu, mítico rei de Atenas e a sua cella oriental, dedicada à deusa Atena, foi colocada no sítio onde, segundo a mitologia grega, Atena teve um desentendimento com Poseidon.
         Erigido num local sagrado associado à fundação da cidade de Atenas, este templo veio a assumir várias funções religiosas.
         A cella deveria ter três ou quatro compartimentos e uma sala subterrânea. No lugar da fachada ocidental apresentam-se dois pórticos, um virado a norte e outro virado a sul - o Varandim das Cariátides - aberto para o Pártenon. O pórtico recebeu este nome porque o seu entablamento é suportado por figuras femininas que desempenham a função tradicional das colunas.
         A decoração do templo não se resumia às cariátides, existindo ainda um friso decorado, do qual pouco resta. Os capitéis e bases das colunas continham uma rica ornamentação e ainda hoje é considerado um dos templos jónicos mais elaborados e dispendiosos da Acrópole.


 

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