A religião grega era politeísta e antropomórfica, pois os Gregos adoravam vários deuses, que imaginavam
semelhantes aos seres humanos, tanto no aspeto físico, como nas qualidades e
defeitos.
Distinguiam-se dos
humanos pela imortalidade e poderes
sobrenaturais, como a invisibilidade e a metamorfose (capacidade de adquirir várias formas).
Entre os homens e os deuses estavam os heróis,
considerados semideuses por qualidades e feitos excecionais. Hércules, Aquiles, Ulisses, Teseu e Édipo são os heróis mais conhecidos da mitologia grega.
A prática religiosa era considerada um dever cívico, bem
presente na vida quotidiana dos Gregos com diferentes cultos aos deuses:
• o culto familiar, celebrado em casa em altares domésticos,
dedicado aos antepassados e aos deuses protetores do lar;
•o culto cívico, realizado em todas as cidades em honra dos
deuses e heróis protetores da polis;
•o culto pan-helénico, praticado em grandes santuários em
honra de um deus.
Os
mais conhecidos eram o santuário
de Delfos - em homenagem a Apolo -
e o santuário de Olímpia, em honra de Zeus - que atraíam peregrinos de todo o
mundo helénico devido ao prestígio dos seus oráculos.
Periodicamente,
realizavam atividades culturais, como teatro e competições desportivas com um
caráter sagrado.
"Os deuses,
quaisquer que tenham sido as suas origens longínquas, nada mais são do que
seres humanos, maiores, mais fortes, mais belos, eternamente jovens; adquiriram
não só a forma humana, mas também os sentimentos, as paixões, os defeitos e até
os vícios dos homens; o mundo divino apresenta, portanto, uma imagem
engrandecida, mas não depurada da humanidade."
(A. Jardé, A GRÉCIA ANTIGA E A
VIDA GREGA, 1977)
Os Jogos Olímpicos
Os Jogos Olímpicos, em
honra de Zeus, eram as festividades pan-helénicas mais famosas. Iniciados em
776 a. C., no santuário de Olímpia, realizavam-se de quatro em quatro anos com
a duração de cinco dias. As provas desportivas distribuíam-se por várias modalidades,
tais como corridas de carros, de cavalos, atletismo, salto, luta, o lançamento
do disco, do dardo e pentatlo (conjunto de cinco provas). Os atletas competiam
pela honra e glória, por isso os vencedores recebiam apenas uma coroa de
oliveira ou de louro e eram considerados heróis.
Durante estes cinco dias eram
declaradas tréguas sagradas e todas as guerras se interrompiam.
O
oráculo de Delfos
Em Delfos, num lugar
selvagem e rochoso, erguia-se um magnífico santuário consagrado a Apolo, o deus
do Sol e das artes. De quatro em quatro anos, celebravam-se lá os Jogos Píticos
(concursos de atletismo, de música e de poesia), que atraíam numeroso público.
Mas o santuário era
sobretudo visitado por aqueles que desejavam consultar a sacerdotisa Pítia, a
fim de ouvirem, transmitido pela sua boca, o oráculo divino, isto é, a resposta
do deus às suas interrogações sobre o futuro. Os oráculos da Pítia eram sempre
ambíguos, com duplos sentidos... para não falharem.
Eis um exemplo: conta o
historiador Heródoto, que Creso, um rico monarca da Asia Menor, pretendendo
declarar guerra ao grande rei dos Persas, mandou um enviado consultar a Pítia
sobre o seu projeto. A sacerdotisa pronunciou o seguinte oráculo: Se Creso entrar
em guerra, destruirá um grande império. Confiante, Creso invadiu a Pérsia mas
foi vencido e feito prisioneiro. Depois de libertado, enviou de novo um
mensageiro a Delfos, para se queixar de que Apolo o enganara, ao que a Pítia
respondeu: “Creso não tem razão. Deveria ter perguntado ao deus que império
seria destruído: o seu ou o dos Persas.
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Onphalos – Esta obra significava centro do Mundo - que seria o santuário de Apolo em Delfos |
Desde
o século VII a.C, que o Oráculo de Delfos se tornou o centro da vida da Grécia,
com prerrogativas de grande significado religioso, moral e político: prescrevia
aos homicidas as purificações a efectuar; reconhecia as novas divindades e
cultos; aprovava as constituições das novas cidades e indicava os locais onde
deviam ser fundadas; aconselhava reis e governantes.
Os
próprios filósofos aceitavam a autoridade do Oráculo.
Delfos, embora não fosse
centro geográfico do mundo (o omphalos - umbigo), como acreditavam os Gregos, era-o, no
entanto, no domínio religioso, moral e político.
As Panateneias
A festa anual desse nome durava dois dias, mas de quatro em quatro
anos era celebrada com solenidade, durante pelo menos quatro dias (...). A
grande procissão (...) atravessava o centro de Atenas (...) os sacerdotes e
todos os corpos da cidade, incluindo os representantes dos metecos, formavam um longo
cortejo (...). Uma vez chegados à acrópole, sacrificavam (…) em frente ao
Pártenon, (...) tantas vacas quantas fossem necessárias para alimentar toda a
gente da cidade (…) Roberto Flacelière.