segunda-feira, 3 de dezembro de 2012

Módulo II - A Cultura do Senado



Objetivos para o exame do módulo II
 
Localizar no tempo e no espaço a civilização romana.

Conhecer os fatores de integração do Império.

Identificar os seus regimes políticos.

Conhecer as causas da sua expansão.

Compreender a designação “século de Augusto”.

Conhecer os poderes de Augusto.

Compreender a cultura do ócio em Roma e as suas tipologias arquitetónicas.

Conhecer a lenda da fundação de Roma.

Compreender a importância do Senado.

Conhecer a escultura, a pintura e a arquitetura romana.

Compreender o urbanismo romano.

Conhecer a cultura romana e as suas influências.

 
Localização geográfica de Roma

         Roma situa-se no centro da Península Itálica, nas margens do rio Tibre, banhada pelo mar Tirreno, no Mediterrâneo Ocidental.
              A partir do século IV a.C. os Romanos iniciaram a sua expansão, conquistando os povos vizinhos, dominando toda a península Itálica e, gradualmente, toda a costa  mediterrânica, tornando este mar um autêntico “lago romano”, que eles designavam por  Mare Nostrum.
 
 
 
Regimes políticos que Roma conheceu:
a Monarquia – desde 753 a. C. 
a República,  - desde 509 a.C.
o Império - a partir de 27 a. C.
 










Lenda da fundação de Roma
 
Segundo a lenda, dois recém-nascidos terão sido encontrados a boiar nas águas do Tibre, tendo sido recolhidos e amamentados por uma loba. Rómulo e Remo, depois criados por um pastor, fundaram Roma sobre o monte Palatino. Mais tarde, durante uma discussão, Rómulo mata Remo e torna-se o primeiro rei de Roma, em 753 a. C..


A Loba Capitolina
 
 
Causas da expansão de Roma:
 
Causas económicas – Desejo de conquistar novos mercados e obter riquezas;
Causas de segurança – Protegiam-se dos povos vizinhos, atacando-os primeiro;
Causas políticas e sociais – ambição dos chefes e o desejo de obter novos cargos e tributos.
  • Numa primeira fase as conquistas dos Romanos tinham como finalidade acabar com os ataques e cobiça dos povos vizinhos e criar condições de segurança e de defesa através de um exército forte.
  • Numa segunda fase, o processo de expansão foi motivado pela busca de glória e de riquezas, a procura de novos mercados e produtos para comercializar, assim como de matérias-primas e de mão de obra.

Fatores de integração dos povos conquistados
 
          Roma construiu um vasto império porque dominou e integrou diversos povos e regiões. A romanização dos povos conquistados, isto é, a assimilação da cultura romana, foi, em primeiro lugar, assegurada por um exército disciplinado que impunha a soberania e a Pax Romana dentro das fronteiras do Império. Por sua vez, os mercadores e os colonos davam a conhecer os costumes e a cultura romana.
 
Para submeterem os vários povos conquistados, os romanos serviram-se de vários fatores, através dos quais difundiram a sua cultura:
  • O Direito Romano - conjunto de leis aplicadas a todo o Império - forneceu as bases legais da Europa até aos tempos modernos.
  • O Latim, a língua oficial de todos os povos do Império, que a expansão romana tornou universal - está na origem das atuais línguas românicas, tais como o português, o espanhol, o francês, o italiano e o romeno.
  • Os colonos romanos, incluindo mercadores e soldados habitantes de Roma, fixaram-se nos territórios conquistados e contribuíram para a integração dos povos conquistados, ao darem a conhecer a língua e a cultura latinas.
  • As vias romanas facilitaram as comunicações com todos os cantos do Império - delas resultaram muitas das estradas modernas. O rigor com que estas vias foram projetadas permitiu que durassem dois mil anos.
  • A organização administrativa e religiosa da maior parte da Europa assenta na organização administrativa romana das províncias, dioceses e municípios. Passados dois mil anos ainda subsiste um mundo latino de características bem marcadas.
  • O exército romano foi fundamental nas conquistas devido a ser organizado e disciplinado, permitindo que Roma crescesse e se transformasse no maior império da Antiguidade.
  • O imperador, adorado como um deus em todo o império, exercia um poder forte e centralizado.
  • As obras públicasPontes, termas, aquedutos, templos e circos foram construídos por todo o Império, à imagem e semelhança da grandiosa cidade de Roma.
 No ano 213, o imperador Caracala concedeu a cidadania romana a todos os homens livres do Império – Isto também permitiu que todos os colonos livres se sentissem integrados e aceitassem de bom grado a subordinação a Roma.



O exército romano - organizado e disciplinado - foi um fator preponderante nas conquistas e na manutenção do Império.

 
 


Via Romana











           Romanização: Difusão da cultura e dos costumes romanos pelos povos dominados.
           As autoridades romanas tiveram um papel de relevo na aculturação dos povos dominados, ao saberem dosear o uso da força e ao assumirem uma atitude de tolerância e de respeito pelas populações indígenas. Desta feita, permitiram-lhes preservar os seus costumes, a sua língua e o culto dos seus deuses. Ainda fizeram educar à maneira romana os filhos das elites locais, de modo a acelerar a romanização.

Aqueduto romanos de Segóvia
 
 
Ponte romana de Trajano - Chaves

O século de Augusto

          Augusto chega ao poder em 27 a.C., pondo fim ao regime republicano e impondo o regime imperial, dando início à construção de um dos impérios maiores da humanidade.
          Devido à sua posição de imperador (pontifex maximus) continua a enorme expansão territorial e constrói grandes obras com o propósito de tornar visível e sólido o seu poder. Acaba com as guerras civis e com as rivalidades, iniciando um período de optimismo e estabilidade — a pax romana.
          Diz-se que quando chegou, encontrou uma cidade de tijolo, e que quando partiu, deixou uma Roma de mármore - algumas obras emblemáticas do seu programa propagandístico e monumental são o Ara Pacis — o Altar da Paz — e o fórum com o seu nome.
          A paz Octaviana e a proteção admirável às artes e às letras fizeram surgir uma plêiade admirável de artistas que engrandeceram o Século de Augusto.
           Mereceu o primeiro "imperador" romano baptizar o seu século, pelo admirável desenvolvimento artístico que empreendeu em todo o império e principalmente em Roma, construindo grandes obras de utilidade pública, cobrindo a cidade de tal esplendor que seduziu os espíritos ávidos de cultura, tornando-se a capital intelectual do mundo antigo.
          Com Augusto, a civilização latina atingiu o seu período áureo. Caio Mecenas, grande amigo e colaborador de Augusto, mereceu o cognome de «Pai dos artistas» pelo carinho incansável com que os patrocinou.

 
Poderes de Augusto

Octávio César Augusto conseguiu uma autoridade pessoal, absoluta e de caráter quase divino.
 





O Império, o novo regime político criado pelo primeiro imperador - Otávio César Augusto - perdurou de 27 a.C. a 476 d.C., ano da queda do Império Romano do Ocidente.
O imperador detinha um poder absoluto, concentrando em si todos os poderes:
  • era comandante supremo do exército;
  • tinha o direito de veto sobre as decisões do Senado;
  • nomeava governadores para as províncias;
  • mandava cunhar a moeda;
  • era chefe da religião romana;
  • Os magistrados, cidadãos investidos de autoridade judicial e administrativa, assim como todas as instituições políticas, como, por exemplo, o Senado romano, estavam-lhe subordinados;
  • passou a ser objeto de um verdadeiro culto, como se fosse um deus.







A lei, da República ao Império

O Senado

 O Senado era o órgão máximo de Roma durante a República – assembleia permanente de titulares experientes e vitalícios, o que lhe conferia uma enorme influência social e política.
Constituído por 600 membros, o Senado era um órgão que tinha, entre outras, as seguintes funções:
·       Validar as leis votadas nos Comícios (assembleias de representantes do povo de Roma);
·       Autorizar a cunhagem de moeda;
·      Controlar o tesouro e o desempenho dos Magistrados.
·       Administrar as províncias;
·       Desencadear os processos de paz ou de guerra;
·       Celebrar tratados e alianças;
·       Expulsar cidadãos, declarando-os inimigos públicos – o ostracismo.



O ócio em Roma

 A pax romana e a prosperidade económica trazidas pelas conquistas e pelo bom governo de Augusto alteraram os hábitos do povo romano, permitindo o usufruto do ócio (tempo livre).

As classes privilegiadas participavam em banquetes privados, acompanhados de música, dança e recitação. Rituais sociais muito apreciados eram o convívio no Fórum e a ida às termas.

Fórum romano - reconstituição
 







         O Fórum Romano (em latim Forum Romanum) era o centro da cidade. Ali havia lojas, praças de mercado e de reunião, templos, basílicas (espécie de câmara municipal).   
         Em muitas cidades, o fórum era uma praça, pavimentada com pedra de boa qualidade e rodeada por um pórtico de colunas. Os cidadãos mais ricos faziam frequentemente donativos para o embelezamento do fórum e, em troca, eram erguidas estátuas a estes mecenas.

 
Como divertimentos públicos, também eram apreciados os jogos, as corridas de cavalos, as grandes procissões (na origem das representações teatrais) e os combates.

Os anfiteatros foram as construções mais populares da arquitetura romana ao serviço do ócio, embora os teatros, as termas e os estádios constituíssem, igualmente tipologias arquitetónicas ligadas aos tempos livres.

 

Tipologias arquitectónicas ligadas ao ócio.

Estádios - Edifícios com estrutura semelhante à dos circos, dotados de pistas fechadas, destinados à realização de jogos atléticos - importados da Grécia.

Estádio de Domiciano - reconstituição
Anfiteatros - Edifícios com uma planta circular ou elítica, com bancadas que circundavam uma arena, com três ou quatro andares (elevados em estruturas abobadadas, de arcos e galerias), sem cobertura e com galerias sob as bancadas. Comportavam dezenas de milhares de espetadores. Destinavam-se a espetáculos de luta entre gladiadores e feras.

Anfiteatro de Nimes - França
 
Ex.  Coliseu de Roma e Coliseu de Itálica
Teatros - Edifícios com uma forma semicircular, que seguiam habitualmente o modelo grego – a cavea (hemiciclo/bancada) podia ser talhada/escavada na colina/rocha ou erguiam-se em qualquer parte, no meio das cidades, o que constitui uma característica original dos Romanos.
Ex. - Teatro de Marcelo e Teatro de Leptis Magna.
Teatro de Mérida - Espanha

Termas - edifícios de grandes dimensões que comportavam várias funções:


Termas romanas de Bath - Reino Unido
·       funções sociais – eram centros de encontro e de convívio frequentados por ambos os sexos;

·       funções higiénicas – eram o local dos banhos públicos, com o frigidarium (piscinas de água fria), o tepidarium (piscinas de água morna) e o caldarium (piscinas de água quente);

·       funções desportivas/exercícios físicos – integrava estádios e ginásios; funções lúdicas – possuía lojas, livrarias, biblioteca, pinacoteca, museu, teatros, salas de jogos, salas de reunião, onde decorriam sessões de oratória, declamação e música;

·       funções terapêuticasofereciam águas com propriedades medicinais, óleos, massagens, saunas.

Ex.: Termas de Caracala.





TIPOLOGIAS LIGADAS ÀS ATIVIDADES RELIGIOSAS,COMERCIAIS, POLÍTICAS E JUDICIAIS


TIPOLOGIAS RELACIONADAS COM A HABITAÇÃO, A HIGIENE E AS DIVERSÕES


TIPOLOGIAS COM FINALIDADES

COMEMORATIVAS E DECORATIVAS


· Fóruns (Augusto)

· Templos (Panteão)

· Basílicas (Constantino)

· Cúria – Senado

· Mercado

· Lojas

· Pontes


· Aquedutos

· Termas ou banhos públicos (Caracala)

· Teatros (Leptis Magna)

· Circos (Circus Maximus)

· Estádios (Domiciano)

· Anfiteatros (Coliseu)

· Pórticos

· Bairros

· Casas – Domus, Villas e Ínsulas


· Arcos de Triunfo (Tito)

· Colunas de honra/honoríficas (Trajano)

· Estátuas equestres (Marco Aurélio)

· Altares (Altar da Paz)

· Mausoléus (Adriano)

· Fóruns (imperiais)










A cultura Romana

  A cultura Romana cultivou o pragmatismo, o sentido histórico da monumentalidade, o gosto pelo poder e pela opulência e o espírito dominador, no qual a guerra desempenhou um papel de difusão dos seus valores entre os que considerava povos bárbaros.
A complexidade e a diversidade culturais resultantes da romanização acabaram por se reflectir na cultura e arte romanas, que tanto receberam influências dos Etruscos e dos Gregos como do Egipto e do Próximo Oriente.
De todas as culturas os Romanos retiraram o que mais lhes interessou, resumindo tudo numa síntese a que se dá o nome de “estilo Romano”. Foi, no entanto, a cultura helenística, descoberta com a conquista da Grécia no século II a.C., aquela que exerceu maior fascínio e admiração junto dos Romanos, tendo estes assimilado a sua ciência, filosofia, arte e religião.
Roma, influenciada pelas mais brilhantes culturas, construiu um programa artístico diversificado e original, cujo interesse assenta precisamente na fusão da arte provincial com as formas artísticas da capital.
 
No domínio da História, destacou-se Tito Lívio, autor da História Romana.
Terêncio e Plauto foram destacados autores de comédias.
Na oratória, evidenciou-se Cícero, brilhante poeta, político e orador.
 







Cícero foi o maior dos oradores e pensadores romanos. É considerado o primeiro romano a chegar aos principais cargos do governo com base na eloquência e no mérito com que exerceu as suas funções de magistrado civil.
Sem rival na eloquência judiciária, pela riqueza da sua imaginação, pela flexibilidade do seu espírito e pela habilidade da sua dialética, Cícero foi a suprema expressão do génio latino. Deixou tratados filosóficos que são modelos de crítica literária e discursos políticos que são modelo de eloquência.


A Eneida - Poema épico em 12 cantos, da autoria do poeta latino Virgílio (Publius Vergilius Maro). É a narrativa das aventuras lendárias do troiano Eneias, filho de Anquises e de Vénus, antepassado dos Romanos, de quem a família de Júlio César se dizia descendente.
É evidente a imitação das obras do poeta grego Homero (Odisseia e Ilíada).

 
O principado de Augusto, e, de uma forma geral, todo o século 1 d. C. corresponderam a uma época de grande brilho cultural.
O imperador transformou Roma num verdadeiro centro artístico. Não só alterou a fisionomia da cidade, enchendo-a de obras de arte e construções monumentais, como chamou para a sua corte poetas e escritores a quem cumulou de provas de amizade e de bens materiais.
Um dos grandes amigos do imperador, Mecenas, reuniu também, junto de si, os maiores talentos literários da época e de tal forma os incentivou que o seu nome ficou para sempre ligado à proteção das artes, falando-se, ainda hoje, de um mecenas e de mecenato.
Acarinhada pelas altas esferas do poder, a literatura atinge, então, o seu apogeu. Poetas como Virgílio, Horácio e Ovídio souberam dar ao latim uma ressonância e uma expressão sublimes, criando obras que se tornaram modelos literários nos séculos seguintes.

Esta proteção das letras não era, todavia, completamente desinteressada. Octávio, que ouvia atentamente a leitura das obras, aplaudia e recompensava as de maior mérito, incentivava os autores a exaltarem as virtudes da sua pessoa e os benefícios do seu reinado. Deste modo, a poesia fez-se também eco da glória de Roma e da grandeza do príncipe, atuando como um poderoso meio de propaganda imperial .

 
A religião








A  Civilização Romana atribuiu gande importância à religião.
Os Romanos, tal como os Gregos, foram politeístas – acreditavam em vários deuses que tinham o dom da imortalidade. Adotaram os deuses gregos, dando-lhes nomes latinos, mas mantendo os seus atributos. Também adoraram os deuses dos povos que conquistaram.
O culto público era praticado nos templos com sacrifícios e orações, sob a direção dos sacerdotes (áugures e pontífices) e sacerdotisas (vestais) que interpretavam a vontade dos deuses.
O culto familiar era praticado em casa, em honra dos deuses protetores do lar (Lares), da família (Penates) e dos antepassados (Manes)
 A partir da época imperial, em 27 a. C., passou a praticar-se o culto ao imperador.
 
 
A vida quotidiana
Os romanos ricos viviam luxuosamente em palácios (domus) e em casas de campo (villae) e tinham uma vida muito ocupada com a política, os banquetes e as festas, as termas e os espetáculos (teatro, circo e corridas de carro). Por sua vez, os plebeus e os escravos viviam miseravelmente em habitações em que o seu interior era de madeira (insulae). Os plebeus divertiam-se a assistir a espetáculos no circo (corridas de carros, de cavalos, a pé e lutas de pugilato) e nos anfiteatros (lutas de gladiadores).
 
O Urbanismo
O urbanismo, amplamente desenvolvido pela civilização romana, diz respeito à construção e organização das cidades.
As grandes cidades romanas possuíam um perímetro rectangular, rodeado de muralhas e com dois grandes eixos interiores ou ruas principais, que se denominavam por cardo (eixo N-S) e decumanus (eixo E-O). Na intercepção dos dois eixos localizava-se o fórum – que era o centro da cidade e onde se encontrava a maior parte dos edifícios públicos.
As cidades dispunham de vários equipamentos, como aquedutos, esgotos, banhos públicos, arruamentos, teatros, todos dispostos de acordo com um plano preconcebido.
Por toda a cidade existiam insulae (casas com vários andares e lojas no rés-do-chão pertencentes às classes populares) e em seu torno os templos, a basílica e a cúria. A forma dos edifícios e o traçado das ruas era perfeitamente regular (plano em quadrícula).

 

A maioria das cidades do Império nasceu a partir de acampamentos militares ou de aglomerados conquistados, aos quais os Romanos impuseram o seu traçado regulador característico: uma malha ortogonal ao estilo do grego de Hipódamo de Mileto, da qual emergiam as vias principais – o cardo (direcção Norte-Sul) e o decumano (direcção Este-Oeste) – que se cruzavam perpendicularmente no Fórum – o centro de toda a vida urbana (equivalente à Ágora grega), com funções comerciais, políticas, judiciais e religiosas.

Fórum romano
 
  A habitação
 
Tal como hoje, as diferenças sociais refletiam-se na qualidade do alojamento. Os mais ricos habitavam uma casa própria, unifamiliar, de modelo tradicional: a domus. Normalmente de um só piso, a domus isola os seus habitantes do movimento da rua, já que praticamente não tem janelas para o exterior. Os aposentos organizam-se em redor de um átrio central ao qual, nas moradias mais ricas, se acrescenta um outro espaço aberto - o peristilo - dotado de belas colunas, estátuas e recantos ajardinados.
Domus
 A maioria da população não tinha, porém, possibilidade de usufruir de uma domus. Como em todas as grandes urbes, em Roma, o espaço faltava e a cidade cresceu em altura, enchendo-se de extensos e atamancados bairros de insulae. Com janelas para a rua estreita, suja e barulhenta, a insulae subdividia-se em pequenos apartamentos de aluguer onde se amontoava, geralmente numa só dependência, toda a família.
Insulae

As villae são moradias rurais, cujo os edifícios formavam o centro de uma propriedade agrícola eram construídas em grandes propriedades (associadas aos patrícios), rodeadas de jardins, pomares, fontes e outros elementos paisagísticos, podendo também serem construídas em pequenas fazendas dependendo dos trabalhos e das famílias.

A partir do século II a. C. as villae eram cada vez mais sofisticadas e elegantes, eram frequentemente construídas em torno de um pátio e localizadas de forma a intensificar a paisagem. Começaram a ser edificadas como casas para os ricos, sendo cultivadas por arrendários ou sob supervisão de um administrador (vilicus). Normalmente estas casas espalhavam-se por províncias.
Villae
 
A sociedade romana

          A sociedade romana era hierarquizada e estratificada. A família de origem e a fortuna pessoal ditavam as desigualdades sociais. Podia existir mobilidade social, caso um indivíduo se tornasse rico ou pobre.
          No topo da sociedade, a elite, situava-se a ordem senatorial, uma minoria de cidadãos ricos e privilegiados (magistrados, senadores, governadores de província, comandantes de legiões ou grandes sacerdotes) que ocupavam cargos políticos e administrativos. Seguia-se a ordem equestre, formada por cavaleiros, que também se dedicavam ao comércio.
          No patamar inferior encontrava-se a plebe rural e urbana, da qual faziam parte os camponeses, os artesãos e os pequenos comerciantes. Logo de seguida, os servos libertos e, finalmente, na base da pirâmide social, estavam os escravos, que não tinham quaisquer direitos e trabalhavam na agricultura, nas minas, nas obras públicas e nos trabalhos domésticos.
Nero e o incêndio de Roma
Nero foi acusado de ter provocado, em 64, o grande incêndio de Roma, que destruiu grande parte da cidade, consta que na esperança de a reconstruir com esplendor.
Alguns historiadores acham que o fez para ter "inspiração", mas outras versões dão conta de que o grande incêndio de Roma teve início na noite de 18 de Julho, no ano 64 d.C., no núcleo comercial da antiga cidade de Roma, à volta do Circo Máximo, tendo alastrado rapidamente pelas áreas mais densamente povoadas da cidade, cheia de ruelas sinuosas. O facto da maioria dos romanos viver em insulae, edifícios altamente inflamáveis devido à sua estrutura de madeira, de três, quatro ou cinco andares, ajudou à propagação do incêndio.
Nestas condições, o incêndio prolongou-se por seis dias seguidos até que pudesse ser controlado, embora por pouco tempo, já que houve focos de reacendimento que o fizeram durar mais três dias.
Assim, existem várias versões sobre a causa do incêndio. Uma das mais contadas é a de que os moradores das construções de madeira que se serviam do fogo para se aquecerem e se alimentarem e, por algum acidente, provocaram um incêndio e o fogo alastrou, empurrado por ventos fortes que o arrastaram pela cidade.


A arte romana
 
A arquitetura
       A arquitetura romana caracterizou-se pela grandeza e monumentalidade.
A arte romana foi influenciada pelos Gregos. Porém, a arquitetura manifestou elementos originais e inovadores:




  • monumentalidade, robustez e durabilidade das construções;
  • o carácter prático e utilitário (funcionalidadel das construções. Para os Romanos até as coisas belas deveriam ser úteis”. Assim, todos os monumentos construídos, tais como termas, aquedutos, basílicas, circos, anfiteatros, entre outros, tinham uma função utilitária;
  • o uso do arco de volta perfeita, da abóbada de berço e da cúpula, elementos adaptados a partir da arquitetura religiosa etrusca;
  • a decoraçáo requintada e imaginativa.

              Estes elementos arquitetónicos aplicavam-se às construções religiosas e às variadas construções civis.


       Os romanos conservaram as tradicionais ordens gregas (dórica, jónica e coríntia), mas inventaram outras duas: a toscana, uma espécie de ordem dórica sem estrias no fuste, e a compósita, com um capitel criado a partir da mistura de elementos jónicos e coríntios.

 
O Panteão
       O Panteão de Roma é o único edifício construído na época greco-romana que, atualmente, se encontra em perfeito estado de conservação.
       Desde que foi construído que se manteve em uso: primeiro como templo dedicado a todos os deuses do panteão romano (daí o seu nome) e, desde o século VII, como templo cristão. É famoso pela sua cúpula.
       O edifício, circular, tem um pórtico (também denominado pelo termo grego "pronaos") com três filas de colunas com 8 colunas na fila frontal (16 ao todo), sob um frontão. O interior é abobadado, sob uma cúpula que apresenta alvéolos (em forma de caixotões) no interior, em direcção a um óculo, de nove metros de diâmetro, que se abre para o zénite. Estes alvéolos, além de serem utilizados esteticamente, também foram pensados para diminuir a quantidade de concreto a ser utilizado na estrutura, tornando-a mais leve. Da base da rotunda até ao óculo vão 43 metros - a mesma medida do raio do círculo da base - o que significa que o espaço da cúpula se inscreve no interior de um cubo imaginário.
 
 

A Basílica

                Inspirada na stoa grega, a basílica comportava sempre uma colunata interior, que tanto podia rodear o espaço da sala principal como dividi-la em três naves, uma central e duas laterais. A grande atenção que os Romanos sempre dispensaram às construções públicas levou o imperador Maxêncio a iniciar, em 308 d. C., este edifício enorme, o maior do Fórum Romano. Terminada por Constantino (que ai colocou uma colossal estátua sua), a basílica era composta por três naves: a central, hoje completamente desaparecida, coberta por abóbadas de aresta, sustentadas por 8 colunas; as laterais, divididas nas três partes comunicantes, abobadadas, que vemos na imagem. Estes arcos gigantescos e as suas abóbadas de caixotões constituíram uma fonte de inspiração para os arquitetos do Renascimento.
 Hector-Marie D'Espouy, Basílica de Maxêncio, elevação restaurada lateral e longitudinal, 1888.
 
         A basílica era um saguão coberto, dividido em corredores por fileiras de colunas, usado para actividades judiciais ou outros serviços públicos, ou como um bazar. Eram salas de reuniões para os políticos, agiotas e publicani (homens de negócios contratados pelo Estado para cobrar os impostos.
 
 
 
O coliseu de Roma
Grande anfiteatro oval mandado construir por Vespasiano, por volta do ano 70, e concluído, com três andares, em 82, por Domiciano. No século III foi-lhe acrescentado mais um andar.
Com uma altura de 48 m, as bancadas eram de mármore (entretanto desaparecido) e tinham capacidade para mais de 50 000 espetadores.
Externamente, o edifício era ornamentado por esculturas, que ficavam dentro dos arcos, e por três andares com as ordens de colunas gregas (de baixo para cima: ordem dórica, ordem jónica e ordem coríntia). Essas colunas eram, na verdade, meias colunas, pois ficavam presas à estrutura das arcadas. Por isso, não tinham a função de sustentar a construção, mas apenas de a ornamentar.
O recinto destinava-se ao combate de gladiadores e à representação de tragédias e comédias. Também foi aqui que muitos cristãos perderam a vida, lançados às feras. Neste espaço colossal, chegaram mesmo a realizar-se simulações de batalhas navais.

 
Arcos de triunfo
Construído com a finalidade de celebrar vitórias, o Arco de Triunfo é um presente que a romanidade ofereceu à arquitetura, pois nfluenciaram fortemente a arquitetura europeia que, entre o Renascimento e o século XIX, deles fez numerosas cópias e recriações.







A cidade de Roma tem vários, sendo o mais importante, o mais bem conservado e também o mais recente, o Arco de Constantino, localizado junto ao Coliseu - inaugurado em 315 para comemorar a vitória do imperador contra Maxêncio.
Em resultado das dificuldades financeiras que então afligiam o Estado romano, muitos dos relevos decorativos foram retirados de edifícios anteriores, alterando-se, em alguns, as feições das personagens, substituídas pelas do próprio Constantino. O painel que se reproduz fazia parte de um conjunto de oito, retirado de um arco desaparecido, dedicado a Marco Aurélio por ocasião do seu triunfo sobre os Marcomanos, em 176 d. C. Pode ver-se no topo do Arco, à direita.
Arco de Constantino

Painéis de figuras esculpidas representando feitos militares decoravam aos arcos de triunfo, sob os quais desfilavam os exércitos vitoriosos, conduzindo longas filas de prisioneiros acorrentados.
  A coluna de Trajano (106-113 d.C.)

Situada outrora no fórum construído peto imperador, a coluna era, ao mesmo tempo, um monumento comemorativo e funerário, pois na sua base foram depositadas as cinzas de Trajano. É a mais ambiciosa das colunas comemorativas. Tem aproximadamente 30 metros de altura mais oito metros de pedestal, perfazendo 38 metros. Mostra um relevo narrativo de figuras esculpidas, representando feitos militares envolvendo a coluna em mais de duzentos metros de espiral ininterrrupta, comemorando batalhas em mais de 150 cenas.
Constituída por vinte blocos de mármore, cada um pesando 40 toneladas, com um diâmetro de quatro metros. No seu interior, uma escada em espiral com 185 degraus dá acesso à plataforma do topo, de onde se obtém uma vista periférica.
Para além do imperador, esta crónica em pedra enaltece o exército romano, que surge constantemente ocupado nas mais variadas tarefas. Aos Dácios é reconhecida um heroica resistência que engrandece, ainda mais, a vitória romana.
 
 
 
 
Ara Pacis – altar da paz
Este monumento, uma obra-prima da arquitectura romana, representa um dos mais significativos testemunhos da arte da época de Augusto e pretende simbolizar o período de paz e prosperidade vivido durante a Pax Romana.
A Ara Pacis propriamente dita estava dentro de um recinto de mármore, finamente decorado com cenas de devoção, nas quais o imperador e sua família foram retratados a oferecer sacrifícios aos deuses. Várias figuras trazem gado para ser sacrificado. Alguns trazem as togas a cobrir-lhes as cabeças, como um capuz, o que significa que são sacerdotes. Outros usam coroas de louro, símbolo tradicional da vitória. As figuras em tamanho natural da procissão não são tipos idealizados, mas retratos, e alguns deles podem ser reconhecidos. O altar, ao longo dos séculos acabou enterrado sob sedimentos, e por mil anos perdeu-se-lhe o rasto, tendo sido encontrado no século XVI.
 
 
 
A pintura e o mosaico
As cidades de Pompeia e Herculano, soterradas pela lava do vulcão Vesúvio permitiram-nos recuperar não só os murais das luxuosas casas, mas também todo o tipo de objectos pertencentes à vida quotidiana dos habitantes destas cidades há cerca de dois mil anos atrás.





Os Romanos manifestaram a sua originalidade na pintura mural (frescos) que decorava alguns edifícios luxuosos. Utilizavam cores vivas, jogos de luz e sombra e a perspetiva, que causava a impressão de profundidade em algumas cenas.
A pintura representava paisagens, construções, animais, cenas religiosas e mitológicas ou a vida quotidiana. Também pintavam retratos que representavam com perfeição as feições do rosto, a expressão dos olhos e movimento do cabelo.
O gosto pela decoração e o requinte está também presente na aplicação de mosaico como pavimento das casas mais ricas e dos edifícios públicos.


A pintura era feita a fresco (os frescos são normalmente pinturas feitas nas paredes, também chamadas pinturas murais, enquanto o gesso ou a argamassa ainda está por secar).
 
Nos frescos de Pompeia distinguem-se quatro estilos:
1.º estilo: limita-se à imitação dos mármores de várias cores;
2.º estilo: mais elaborado, mostra paisagens enquadradas por motivos arquitetónicos;
3.ª estilo: apresenta cenas mitológicas e do quotidiano, valorizando a delicadeza dos detalhes;

4.º estilo: estilo ilusionista, apresenta um jogo complexo de perspetivas, como na casa dos Vetti.
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                4.º estilo – casa dos Vetti
          A técnica do mosaico é largamente aplicada como revestimento e decoração, coincidindo com a vasta expansão urbanística e a construção de grandes edificações, fazendo parte integrante da arquitetura, tendo alcançado um nível técnico impressionante.
 O Mosaico
          Ligado à pintura, o mosaico é formado por pequenas tesselas de materiais coloridos - mármore, pedras várias e vidro - aplicados sobre argamassa fresca.
          A típica decoração em mosaico é formada por uma espécie de tapete que cobria parcial ou totalmente o chão de pequenas divisões com motivos geométricos, servindo de moldura a motivos figurativos - pássaros, peixes, etc.. os temas são os mesmo da pintura.
 
Mosaico
 






A escultura
 
           Os Romanos desenvolveram a escultura, nomeadamente a estatuária e os relevos. O alto e o baixo-relevo serviram de elemento decorativo à arquitetura. A escultura romana caracterizava-se pelo idealismo, realismo e idealização, visível, sobretudo, no retrato ao nível da ondulação dos cabelos, da expressão dos olhos e das feições do rosto que, por vezes, chegavam a transparecer traços da personalidade. Os temas da escultura variavam entre os episódios da política, da guerra, do quotidiano e da mitologia.
 

 
 
 
As obras de escultura são, em Roma, muito numerosas. O Estado e os magistrados multiplicaram-nas nos fóruns, nas ruas, nos monumentos antigos e novos da cidade. Os ricos adornam com elas as suas casas, quer em Roma, quer nas províncias que, em escala mais modesta, imitam a capital.








Os escultores romanos, contudo, não revelaram a mesma capacidade inovadora dos arquitetos, deixando que a criatividade dos artistas helénicos dominasse a produção de estatuária. É a eles que os cidadãos abastados fazem as suas encomendas, contentando-se, muitas vezes, com réplicas das grandes obras gregas.
          Porém, quando se trata de deixar a sua imagem para a posteridade, o seu sentido fortemente individualista impõe-se, dando origem a obras de notável realismo. As feições do rosto, a expressão no olhar, o movimento dos cabelos - tudo é tratado com tal minúcia e fidelidade, que os retratos frequentemente ultrapassam a representação física da personagem para nos darem a ideia do seu caráter. O retrato apresenta-se, pois, como uma afirmação do indivíduo, ressaltando os traços que definem a sua fisionomia e a tornam única.

No tempo de Augusto, ao lado deste pendor realista, desenvolveu-se um estilo oficial, solene, em que as personagens são representadas de forma mais idealizada, de faces serenas e gestos compassados. Esta tendência está intimamente ligada à glorificação do imperador, cujas representações ora lembram as de um herói ou um deus grego, ora evocam um ser contemplativo, quase perfeito, que parece elevar-se muito para além de todas as paixões e fraquezas humanas

  O L’arringatore – O Orador - é uma estátua-retrato que representa o cidadão de plenos direitos, o patrício em pleno acto de discursar, no exercício dos seus direitos e deveres cívicos.
 
 
Augusto de Primaporta, executado a maneira grega de Policleto, por volta do nascimento de Cristo.
A imagem do Imperador cedo ganhou o sentido simbólico de um emblema nacional.
Para tal, seguindo a tradição dos etruscos, os romanos aperfeiçoaram e utilizaram constantemente a arte do retrato para passar essa imagem de poder. A ideia de atribuir estatura sobre-humana ao Imperador cedo se tornou política oficial para lhe conferir a aura de divindade e poderio supremo.


          Seguindo uma tradição herdada dos Etruscos, os nobres romanos faziam esculpir, em cera, o busto dos seus progenitores falecidos. Estes bustos, que reproduziam fielmente os traços do retratado, eram transportados no funeral e, depois, colocados num tabernáculo de madeira, em casa, num local bem visível.
          Foi esta prática que introduziu, em Roma, o gosto pelo retrato pessoal, de cunho realista. Ao contrário dos Gregos, que concediam as honras do retrato aos atletas e heróis, em Roma essa honra coube sempre aos homens públicos, senadores, magistrados e generais.
 
 
O relevo

          Os Romanos souberam também tirar partido de outra vertente da arte de esculpir: o relevo. Usaram-no profusamente como elemento decorativo, mas souberam dar-lhe outra função: a de narrar os grandes feitos do povo romano e exaltar as virtudes dos seus chefes.
          Enquanto os artistas gregos se inspiravam sobretudo nos episódios mitológicos, os Romanos, fazendo jus ao seu espírito pragmático, preferiram imortalizar em pedra episódios significativos da sua História: campanhas e vitórias militares, procissões e sacrifícios religiosos, alocuções imperais ou menções à paz e prosperidade de que gozavam os povos do Império.
          Este tipo de relevo, vulgarmente designado relevo histórico-narrativo, foi utilizado, sobretudo, nas construções comemorativas, como as colunas e os arcos de triunfo, mas encontramo-lo, também, noutros edifícios públicos e até em obras de carácter privado, como os sarcófagos, em cujas paredes os escultores imortalizaram os feitos da Pátria romana nos quais o defunto participara ou que, simplesmente, admirava.
Relevo narrativo da Coluna de Trajano
Pormenor: cenas de batalha.

 

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